sexta-feira, 19 de abril de 2013

OU A GENTE COMBATE A VIOLÊNCIA, OU A VIOLÊNCIA NOS ENGOLE!



              Não podemos fechar os olhos e deixar de ver que a violência ameaça a tomar conta do nosso país de norte a sul, de leste a oeste. Se fechar os olhos não é a solução, cruzar os braços é algo impensável. Sabe-se que o combate à violência perpassa por uma tomada de decisão não meramente unilateral como o aumento do efetivo policial, de veículos a disposição desse efetivo, de troca de comando ou ainda de melhor treinamento a esse efetivo, pois essas medidas cuidam da criação e manutenção de um sistema de segurança cuja finalidade é meramente a repressão. E a repressão, não produz a melhor forma de combate à violência, mas reproduz como retrata Isaac Newton na lei da ação e reação. Não se quer também desprezar o papel da polícia, afinal, é uma instituição que merece seu valor. No entanto, como educador, antes de político, entendo que a base de formação de uma sociedade civilizada passa pelas salas de aulas com profissionais da educação compromissados com o desenvolvimento humano no seu contexto social.
Sabemos que Salinópolis é um porto de chegada de um fluxo migratório que teve como cais de saída o nordeste cujo destino de chegada foi a Amazônia e que não podemos esquecer que a nossa cidade está contida nesse complexo ecossistema, por isso, salinas foi invadida por aqueles que logo após o termino de algumas obras vinculadas aos grandes Projetos Amazônicos e a falência de outros e, não encontrando outras colocações, tomaram o rumo de vidas seca.
A pergunta é: por que Salinópolis a exemplo de outras cidades foi escolhida pelos retirantes dos Grandes Projetos Amazônicos para se estabelecerem? Será que na época o Município possuía grande extensão de terras devolutas, ofertava emprego por ser um forte parque industrial, oferecia aos imigrantes boa perspectiva de vida, ótimo serviço de saúde e educação ou ainda um excelente sistema de segurança publica? Nada disso justifica essa procura, mas  sim o fato de está localizado à margem do oceano Atlântico.
Sem emprego e perspectiva para os órfãos dos Grandes Projetos, o nosso Município e, principalmente, sua sede assistiu ao crescimento exacerbado de sua demografia bem como o surgimento de um fenômeno comum a outras cidades a violência, tipificada pelo tráfico de drogas, arrombamentos, furtos, roubos, homicídios, latrocínios etc. A violência em Salinópolis é como uma porta que se abriu entre nós e não quer mais se fechar. O bom do caminho é haver volta. Para ida sem vinda, basta o tempo.
Hoje, mesmo tendo o que não tínhamos quando Salinópolis era apenas Salinas (comando da policia militar, delegacia sete estrelas e dentro dela, detetives, escrivães, delegados, fórum com Juiz de direito, promotoria com promotores e inteligência da policia civil e militar)  nos tempos atuais, a violência se multiplica e atinge indiscriminadamente a todos sem distinção de sexo, cor, religião, estatus social, faixa etária etc.  Afastando os investimentos, expulsando os bons cidadãos, marginalizando a juventude, esfacelando os lares acabando com os laços de família.  A violência em Salinópolis é como uma porta que se abre entre nós e não quer mais se fechar. O bom do caminho é haver volta. Para ida sem vinda, basta o tempo. Ou a gente combate a violência, ou a violência nos engole.
Ainda que os cálculos de custo/benefício sejam bastante úteis em relação ao combate a criminalidade, parece importante sublinhar que, quando falamos em crime e violência, os “custos” mais importantes e dramáticos são intangíveis. Afinal, além dos prejuízos que podem ser medidos, como o dos bens subtraídos, o dos danos causados à propriedade, ou o dos recursos despendidos em tratamento hospitalar às vítimas, o que há de intolerável no fenômeno da vitimização é precisamente a quantidade de medo, dor, sofrimento e redução da qualidade de vida que ela traz consigo. Esses são custos que não se podem estimar. Além deles, é bom lembrar, há ainda os custos que serão enfrentados pelos familiares dos “condenados” e pelos próprios infratores, especialmente aqueles associados à prisão e à estigmatização, que tendem a se prolongar muito além do cumprimento das penas e, não raro, por toda a vida.
 Sabemos que os investimentos em educação escolar também tendem a repercutir fortemente em conquistas de segurança pública. Tem-se boa indicação a respeito quando, por exemplo, comparamos a educação escolar dos presos nos diferentes países com os indicadores médios de escolarização das respectivas populações nacionais. Invariavelmente, observamos que as taxas de analfabetismo são muito superiores entre os presos, quando comparadas com o total de analfabetos em cada país e que os níveis de escolarização presentes na massa carcerária situam-se sensivelmente abaixo dos verificados no conjunto da população.
Ocorre que, quando reduzimos as taxas criminais e promovemos uma maior sensação de segurança nas comunidades, costuma-se produzir também um “ciclo virtuoso” que possui repercussões óbvias na economia. Assim, por exemplo, comunidades mais seguras atraem mais investimentos, o que aumenta a oferta de empregos e a arrecadação de impostos; as propriedades se valorizam e a tendência é de que o Estado gaste menos com saúde, serviços de assistência social e com os serviços da Justiça Criminal.
Assim, a opção de maior consistência na prevenção – investimento na formação escolar de jovens socialmente fragilizados é quase sete vezes mais produtiva do que a receita tradicional de aumentar o número de encarcerados.



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